Quinze anos depois:
Viagem ao Médio Oriente
por João Gonçalves
editado por Martha Appelt
Dia 18
(25 de Fevereiro de 2003)
Dormi bué de mal e com bué de frio, mas deixei-me ficar assim porque tinha medo de não acordar a tempo para ir mergulhar. É que já pedi 3 vezes aos gajos cá do camp para me acordarem e népia. Os mergulhos de hoje foram bué de fixes, principalmente por causa da profundidade – um de 33 metros e outro de 28 metros. O primeiro foi no canyon e entrámos por um buraco para descer a pique, quase como se fosse uma caverna. O segundo foi descer 28 metros por uma cena igual ao poço de um elevador. Espetacular.
Agora é bué de estranho estar sozinho depois destes dias todos com o Marcelo. Fui jantar ao Sharks e tava eu e um cão à mesa. Lá mandei vir uma dose de macarrão com perú, cebola, tomate, cogumelos, salsa e molho branco. Era das pequenas, mas dava para uma família inteira. Comi como um leão. Tava muito bom. No fim, geladito. Tudo junto mais a cola, €2. Fui à net e a seguir tive a ver o Dortmund 1 – Real 1 no supermercado e no paleio com o puto que lá trabalhava. O supermercado não era o do gamanço. Agora um cházito e cama.
Dia 19
(26 de Fevereiro de 2003)
Não acordei a tempo e só consegui apanhar o tó das 10 horas para Sharm. Ainda dei uma volta por Dahab e tem uma praia espetacular de areia fina. Passei umas horas em Sharm el-Sheikh e em Na’ana Bay. Não parece Egipto. Parece mais um complexo balnear das Caraíbas, mas é muito bonito. Ainda tirei umas fotos fixes. Vim a tempo para fazer o night dive e acabar o 2º curso (advanced). Depois do mergulho, fomos todos jantar ao Jays e no fim fui ver a bola Ajax – Arsenal (0-0). Ainda passei duas horas na net à procura de voos de Tel-Aviv, mas não encontrei preços.
Dia 20
(27 de Fevereiro de 2003)
Dia sem grande história. Estive até às duas da tarde na praia (a partir das três e meia já é fraca). Fui falar com o Nassar e despedir-me do Mohamed.
Apanhei o tó em Dahab, que avariou ainda antes de chegar a Sharm. Uma polaca já ia a passar-se! Lá se resolveu o problema e foram dezasseis horas naquele tó, a ouvir a missa dos gajos em cassete e a ver filmes cómicos árabes. Não dava para ler, pois o pica é que controlava as luzes e as pequeninas individuais não funcionavam. Parámos pelo caminho para comer – uma boa merda – e seguimos viagem sempre a parar por causa da bófia. Também cheguei a ter três picas ao mesmo tempo e até Sharm (uma hora e meia de viagem), tive que mostrar os bilhetes (os, pois são uns poucos) meia dúzia de vezes.
Dia 21
(28 de Fevereiro de 2003)
Cheguei a Luxor de manhã cedo, quase sem dormir. Arranjei logo hotel – qualquer coisa Alaska – e uma bicla para ir para o outro lado do Nilo. Andei uns bons quilómetros de bicla e outros tantos a pé, com um gajo de lá que me serviu de guia pelos atalhos da montanha. Rebentou comigo. Depois de ver o Valley of the Kings e outro templo, fomos até casa dele e almocei lá. O gajo tinha 24 anos e era virgem, pois acredita que sexo só depois do casamento e como só ganha 150 libras egípcias (cinco ou seis contos) não pode casar. Também conheci a irmã, o primo e um amigo. Pessoal bué de fixe.
Depois do almoço e da conversa, agarrei na bicla e vi o resto – Valley of the Queens e Medinet Haben. Voltei outra vez para o East Bank – o capitão do ferry deixou-me pilotar uns minutos – e ainda visitei quase tudo – Karmak, Luxor Temple, Luxor Museum. Bué de fixe andar de bicla à noite em Luxor. Depois do jantar, um gajo veio ter comigo. Era gay. Nunca imaginei encontrar um no Egito! O pessoal aqui é super conservador.